— António, ahora nadie nos escucha, tenemos que ser rápidos — anunciou o rosto familiar fazendo uma pausa antes de prosseguir e olhando bem para os dois lados, como se fosse atravessar uma rua ali mesmo no meio do quarto. — Te están buscando. Te van a matar.
Antônio olhou bem ao seu redor, olhou para a poltrona bege e as paredes brancas, para os equipamentos, sondas, gavetas, bandejas, para as cortinas, para as janelas gradeadas, para a porta do banheiro fechada, para a televisão apagada, para seu corpo acamado, os cabos dependurados, um prendedor na ponta do indicador – um varal de roupas, ele –, e também baixou a voz.
— São os meus orientandos, Gabriel? Só podem ser os meus orientandos.